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21 de set. de 2009

Palmada educativa. Por que ainda é usada?

O título do post faz menção à "palmada educativa", apenas para diferenciar das situações de grande violência contra a criança, não que eu acredite no poder educacional da palmada e tão pouco que acredite não ser um ato de agressão contra à criança. O termo foi usado apenas para contextualizar o post.

Ontem o Fantástico fez uma matéria sobre a palmada. Falam do resultado de uma pesquisa que mostra que a palmada atrasa o desenvolvimento infantil. São inúmeras as matérias que tratam do assunto. A Pediatra Rachel Niskier, disse ao Terra que não há nenhum estudo que comprove que ela seja educativa ou disciplinatória, a médica conclui dizendo: "Se fosse assim todo mundo que apanhou seria melhor". O que faz sentido, né?!

Problemas de desenvolvimento à parte, a primeira observação que podemos fazer de uma criança que recebe a palmada como ação educativa é o uso desse artifício quando se sente contrariada. Vou dar dois exemplos:
  1. Quando eu era criança, apanhei muito da minha mãe, do meu pai também, mas da minha mãe era quase todo dia. Me lembro que, durante um bom tempo, toda vez que algum amiguinho me "desobedecia", apanhava. Isso só parou quando um menino, em quem eu sempre batia, cresceu, ficou mais forte e me deu uma surra. Nunca mais bati em ninguém. Isso sem contar que era uma criança violenta. Graças a Deus isso não me causou maiores problemas, mas poderia ter causado.
  2. Minha enteada é um doce. Super comportada, educadíssima, faz algumas artes, mas nada que fuja ao esperado para a sua idade (quase 6 anos). Vira e mexe sua mãe queixa-se ao meu marido sobre seus problemas de comportamento. Que ela responde, que faz birra e recentemente, que bateu na avó. Meu marido ia chamar-lhe a atenção em relação à isso e eu pedi para intervir, pois minha impressão é que falávamos de crianças diferentes. Então, perguntei porque ela bateu na avó? Disse à ela (sem brigar ou chamar a atenção), que quando batemos em alguém precisamos de um motivo. Ela então me explicou que a avó não deixou que ela continuasse brincando com o computador, que a pegou pelo braço para que fosse tomar banho. Aí eu disse: mas não era hora do banho? Ela disse que sim, mas que queria terminar uma "coisa" e que as vezes a avó bate nela quando não quer fazer algo, por isso bateu na avó. Para mim estava tudo explicado, ela só fez o que fazem com ela. Então expliquei que não estava certo bater nas pessoas, que deveríamos sempre conversar. Que tem hora para tudo para comer, tomar banho, dormir e para o computador. Que esses horários devem ser respeitados. Fiz um combinado com ela para respeitar os horários, para não bater na avó e que toda vez que a avó batesse nela, deveria contar para a mãe e para o pai.
Nesses dois exemplos também fica claro que o uso da palmada vem de uma herança que recebemos dos mais velhos e após a matéria me puz a refletir. Se estamos cansados de saber que a palmada, não educa, é um ato violento e desrespeitoso contra a criança, incita e ensina a violência e a nova pesquisa mostra que atrasa o desenvolvimento infantil. Por que ainda é usada?

Na própria matéria do Fantástico haviam mães que afirmavam saber que é errado, mas que tem hora que "não tem como". Pensei em dois momentos da educação que ofereci aos meus filhos. Eu fiz uso das "palmadas educativas" ,com ambos, pelo mesmo motivo que as mães alegam, era meu último recurso. Sem contar o fato de eu ter sido educada assim (olha a herança aqui!). Com o passar do tempo deixei essa prática de lado, mas o que me fez mudar?

Conhecimento...

E não estou falando das informações que coloco aqui no blog, que aparecem nos sites, nas revistas e no Fantástico, essas informações que estamos cansados de saber, que palmadas são ruins e não funcionam. Falo do conhecimento que adquiri na falculdade sobre o desenvolvimento infantil.
Minhas atitudes mudaram a partir do momento que aprendi como agir com as crianças, que aprendi estratégias educacionais que permitem nunca pensar que cheguei ao meu último recurso.

Talvez o que falte para os pais seja mais do que "o que fazer", mas "como fazer". Talvez por isso acreditem ter chegado ao último recurso, talvez por isso ainda usem a palmada educativa.

9 comentários:

  1. Olá Denise, amei o post!!!Eu tinha postado tb algo sobre minha ação com a Isa, postei e depois tirei( mas vou recolocar). Falava também da forma que minha mãe agia comigo e que inconsciente me instiga a ser com a Isa. Algo que parece ser algumas vezes mais forte do que eu, e no caso vc não tinha o conhecimento e hoje, pelo menos o curso de Psicopedagogia me dá base, mas preciso fazer rapidamente uma ánalise dos fatos para que eu não caia no erro e transforme a minha filha em um alduto tb com problemas. Já não lembro se levei palmadas, mas as palavras são como flechas que ferem. Tento suplantar o amor, muito carinho, afagos, o toque, para que o fantasma daquilo que até hoje me persegue não vire um fantasma para minha filha tb. Bjs

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  2. Olá.Parabéns pelo post e pelo blog.Concordo contigo,é por falta de conhecimento,mas algumas vezes ainda é por falta de paciencia mesmo,pois dá trabalho dialogar,repetir,repetir,repetir,achar as palavras certas para usar...e fazer tudo isso com calma,sem ser aos berros...não trabalho fora,cuido da minha filha-2anos e meio-que amo de paixão,e admito,jah usei a palmada educativa(insitência da minha mãe),mas logo pedia desculpa e dizia que a mamãe tinha perdido o controle...de cara vi que não funciona;dá pra contar nos dedos quantas vezes fiz,mas me marcou profundamente,imagina pra minha filha.Me arrependo muito,e por outro lado sempre agradeço a Deus por ela não ter se tornado amedrontada em fazer as artes dela devido ao meu erro de ter batido nela;continua bastante curiosa,desafiadora,destemida!Que bom.
    Gostaria de saber mais técnicas sobre como ensinar limites,alguma dica de leitura?
    obrigada

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  3. Respondendo para a Vovó Kika

    Oi Vovó Kika!

    Aguarde um post com dicas de livros sobre educação.

    Um abraço

    Denise

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  4. Fantástico, eu apanhei na infância e me lembro que cada vez que minha mãe me dava uma surra, eu sentia muita revolta. Eu não respeitava, tinha medo. Graças a Deus, ao invés de me fazer uma pessoa violenta, isso me fez uma adulta consciente, eu não quero para o meu filho o que tive pra mim. Apesar de às vezes ser difícil manter a paciência, pois sou estourada, eu consigo contar até dez e procuro sempre lembrar de algo li no livro da Tracy hogg: a crianã é um ser com opiniões próprias, é preciso respeitá-la. Assim, desde já (Arthur tem oito meses), eu procuro sempre me lembrar de tentar entender o que ele está pensando, o que quer fazer, e o principal, o porquê de determinadas atitudes. ele é pequenininho, sim, mas já sabe se fazer entender, e é isso que eu preciso aprender. Bater? Jamais!
    Adorei seu canto, estou levando seu selo pra casa!
    Beijos!

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  5. Oi, Denise... a imagem do seu link não esta aparecendo...
    Beijos!

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  6. Respondendo para a Cynthia

    Oi Cynthia!

    É isso aí, o negócio é contar até dez e tentar entender o que esses pequenos querem de nós. As vzes é só chamar a atenção.
    Quanto ao selinho, já arrumei!
    Um abraço

    Denise

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  7. tem um selinho em meu blog para vc.
    Bjs
    Cris

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  8. Acho que a palmada educativa só deve ser usada em situações em que a criança desafia a autoridade dos pais, em uma situação de risco. Por exemplo, a criança insiste em subir em uma mesa e por mais que o pai e a mãe diga que não, ela continua insistindo. Uma palmadinha não vai fazer mal e vai servir ainda para mostrar para criança que existem limites. Aprendi a lidar com crianças e jovens e na maior parte das situações não há necessidade de uso de autoridade materna ou paterna. Tudo é questão de negociação.

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  9. Olha sou pai de uma menina de dois anos e meio, muito ativa e inteligente .
    Eu e minha esposa damos a ela todos tipos de incentivo e estímulos desde que nasceu,mais com um porem ,em determinados pontos fomos obrigados a dar as ditas palmadas educativas(não espancamento só um chinelol NO PÔ PÔ).
    Eu e minha esposa encaramos o chinelo como uma medida preventiva e em últimos casas,quando o dialogo não funciona mais.Ou alguem prefere ver um filho em cima de uma cadeira a ponto de mexer em uma panela ou frigideira quente, mesmo apos vc ter falado e explicado que não pode.
    As crianças aprendem com suas tentativas,erros e as principais (as frustrações e vitorias).
    Minha pequena, quando tinha dois anos não usava mais fralda de dia, agora com dois anos e meio vai sozinha ao banheiro e se limpa,claro do jeito dela.COMO NOS CONSEGUIMOS ISSO? PSICOLOGIA!!!!!!!
    Na minha opinião o (chinelol )é como um remédio que se tomar de mais mata e se der a dose certa ele cura.
    Se nos não dermos limites aos nossos filhos enquanto forem pequenos ,no futuro a sociedade o fará.(EDUCAI AS CRIANÇAS PARA NÃO PUNIR OS ADULTOS).
    O politica do governo em fazer leis proibindo a educação familiar das crianças por meios de limites físicos e psicológicos ,agride diretamente a família como num todo,e é isso que o governo quer, crianças e adolescentes problematicos que incomodem muito seu pais assim eles não terão tempo em pensar em POLITICA,MENSALÃO,DINHEIRO NA CUECA ETC......


    Dirceu Blumenau SC

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