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2 de fev. de 2010

Decisão do COB prejudica educadores

Se vocês pensavam que as Olimpíadas fossem patrimônio da humanidade, estavam enganados: as Olimpíadas tem dono. Erich Beting explica em seu blog que o COI (Comitê Olímpico Internacional), a partir da Carta Olímpica, decidiu que não seria permitida qualquer associação aos Jogos por parte de pessoas e/ou empresas que não fossem parceiras comerciais da entidade. A atitude é radical, mas é o COI que arca com todas as despesas dos Jogos Olímpicos, busca patrocinadores e transformou o evento em um fenômeno do marketing. No Brasil quem cuida para fazer valer esses direitos é o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

E porque estou explicando isso no Criando Crianças?
Esta semana o COB, através de uma notificação extrajudicial solicitou que as vendas de um livro sobre o Olimpismo fosse suspensa. O motivo? O uso da palavra "olímpicos" e seus derivados, são de uso exclusivo do comitê.

DECISÃO DO COB PREJUDICA EDUCADORES
O livro“Esporte, Educação e Valores Olímpicos”, da Profa. Dra. Kátia Rubio, docente e pesquisadora da EEFEUSP (Escola de Educação Fisca e Esporte da Universidade de São Paulo) trata da educação olímpica e foi concebido para ser trabalhado em projetos de educação com crianças e adolescentes, conforme a autora relata em entrevista dada ao Blog do José Cruz.

A decisão do COB prejudica educadores a  medida que os professores do ensino fundamental e médio não tem material sobre educação olímpica e há uma demanda pelo assunto, principalmente se considerarmos que seremos sede de uma Olimpíada dentro de alguns anos.

O livro é resultado de pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Estudos Olímpicos, dirigido pela Profa. Katia Rubio, trata-se de um trabalho sério realizado por uma pesquisadora que dedica sua vida acadêmica há mais de dez anos aos assuntos relacionados ao olimpismo.



FALTOU BOM SENSO
Como escrevi  no post "COB quer censurar livro sobre olimpismo" no Fique INforma, faltou bom senso por parte do Comitê. O que devemos usar no lugar das palavras proibidas? Conjunto de competições esportivas que ocorrem a cada quatro anos? Evento que ocorre de quatro em quatro anos, como sugere a professora?
Entendo e concordo que a marca dos Jogos Olímpicos sejam de propriedade do COI, pelos motivos descritos acima. É a entidade que o organiza e ninguém é bonzinho para fazer as coisas de graça, mas daí a querer censurar um livro, com conteúdo educacional por usar palavras que designam os jogos, é exagero.
Questionei, inclusive, como ficaria seu uso pelos meios de comunicação, eu mesma já usei as palavras nos meus blogs inúmeras vezes e a Folha de São Paulo em matéria intitulada "COB ensaia ação legal por palavra Olímpicos" explica que existe uma diferença entre o uso nos meios de comunicação e no livro. O primeiro caso visaria a promoção do Movimento Olímpico, o livro visaria lucro.

JUSTIFICATIVA DO COB É FRACA
Quando uma emissora de televisão ou uma editora escolhem a temática olimpíadas como pauta para uma matéria, estão visando lucro, pois vivemos em um mundo capitalista e ninguém vai divulgar o Movimento Olímpico na primeira página por filantropia. Divulga-se por lucro, pois irá despertar o interesse de um grande número de pessoas, quando uma emissora ou editora escolhe os Jogos Olímpicos como matéria principal o faz porque sabem que vão vender mais do que outra opção que tenham naquele momento.
É claro que a publicação do livro irá gerar lucro, seja para a autora, seja para editora, ou para ambas, mas o fato é que o objetivo principal não é esse. Pesquisador bom é aquele que divide seus achados com os demais e a publicação de um livro permite a disseminação do conhecimento àqueles que não tem acesso aos estudos acadêmicos e mais, àqueles que não compreendem os termos comumente usados em pesquisa científica.
Vendo desta forma quem estaria divulgando melhor o Movimento Olímpico?

É preciso avaliar que em qualquer um dos casos está havendo divulgação do Movimento, seja com conteúdo informativo, seja educacional. Diferente da venda de objetos, uma camiseta ou uma caneca.
A exclusividade do uso das palavras “jogos olímpicos”, “olimpíadas”, “jogos paraolímpicos” e “paraolimpíadas” pelo COB está prevista na Lei Pelé e a lei deveria valer para todos e não apenas para aqueles que o Comitê  decidir. Além disso a lei de Propriedade Industrial, que rege marcas e patentes, e também foi usada pelo COB, estabelece que não pode haver impedimento de citação da marca em discurso, obra científica, literária ou outro tipo de publicação. Sem contar que impedir a venda dos livros é censura e fere a Constituição.

O QUE PODEMOS FAZER?
Podemos divulgar o caso e cobrar um posicionamento das autoridades. Quanto maior o número de pessoas mobilizadas maiores as chances do COB rever sua posição e voltar atrás.
Se o caso for parar na Justiça a briga será boa, cabe ressaltar que em Portugal houve uma caso semelhante conforme relata o Fórum Olímpico de Portugal, no texto "A Família Olímpica", e o Comitê perdeu.

Nós, professores, somos carentes de obras que nos auxiliem a educar. No âmbito da Educação Física Escolar a situação é ainda mais crítica. Não podemos nos dar ao luxo de não nos manifestarmos quando uma obra de tal importância  pode simplesmente ser recolhida, por questões meramente econômicas.

As autoridades do esporte dizem que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro deixarão educação como legado. E eu me pergunto como? Se quando nós, educadores, temos a chance de colocar as mãos em uma obra única, a própria autoridade na figura do COB, nos tira essa oportunidade.

“Esporte, Educação e Valores Olímpicos” foi escrito por uma docente conceituada, pesquisadora e líder do Grupo de Estudos Olímpicos, associada à melhor Universidade do país. O livro tem por objetivo a educação de crianças e adolescentes dos ensinos fundamental e médio e nós temos o direito do acesso irrestrito ao seu conteúdo. É de nossa responsabilidade disseminar esse conhecimento, nós plantaremos a sementinha que permitirá que e educação seja um legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas precisamos da ferramenta para garantir que ela irá germinar.

Aqui você encontrará a carta aberta que recebi da professora e foi divulgada por diversos meios.
Aqui você encontrará a contra-notificação enviada ao COB.


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PS
O problema foi resolvido a favor da Profa. Kátia Rubio.
Leia o desfecho clicando nos links abaixo
Pois já não vale nada és página página virada, descartada do meu folhetim
Mas não importa não faz mal, você ainda pensa e é melhor que nada

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