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30 de abr. de 2011

Criança e religião: como e o que ensinar?

Criança e religião é um assunto complexo e que posso adiantar não existe consenso. Como e o que ensinar para criança sobre religião?


Minha experiência

Na minha infância fui criada frequentando a Igreja Católica, lembro-me ainda no Rio de Janeiro, muito pequena, de ir à igreja aos domingos e tenho boas lembranças disso, dos cânticos, das festas e principalmente do salgadinho que minha avó comprava no final da missa! Já em São Paulo e até eu casar (casei adolescente), ir à missa aos domingos era obrigatório, não importava onde estivéssemos, meu pai não nos deixava escapar, motivo para não ir, só se estivéssemos com febre. Quanto mais velha eu ficava, menos gostava dessa prática.

Fui batizada, fiz primeira comunhão, não fui crismada, mas casei na Igreja. Batizei meu filhos na igreja católica, o mais velho fez primeira comunhão, o mais novo não. Acredito em Deus, mas discordo de alguns dogmas do catolicismo e de outras religiões. Fui à seções de Umbanda, frequentei Centros Espíritas Kardecistas, tenho primos no Candomblé, amigos Judeus, Muçulmanos, Evangélicos, Budistas e ateus, me relaciono muito bem com todos e até conversamos sobre religião! Às vezes vou à missa católica no Mosteiro de São Bento, mas não comungo. Meus filhos não frequentam qualquer templo ou igreja, mas acho que acreditam em Deus.
Tive uma experiência engraçada com meu filho mais velho. Moramos no Japão dos seus 3 aos 6 anos, éramos católicos não praticantes, ensinei sobre papai do céu, anjo da guarda, algumas orações etc. A creche que ele frequentava funcionava junto à um templo Budista e ele participava de algumas práticas. Quando voltamos ao Brasil, fomos à missa católica, mas não uma missa convencional, era da renovação carismática. Ao sair da igreja, muitas observações foram feitas por ele. Primeiro ele reclamou que aquele "templo" era muito barulhento! E depois muitos questionamentos sobre aquele homem preso na cruz, coitado dele! Era o ponto de vista de uma criança de 6 anos confrontando duas religiões muito diferentes.
Contei toda essa história para mostrar que criar a criança dentro de uma determinada religião não significa que ela irá seguí-la. Há quem defenda que a criança deve seguir a religião dos pais e decidir sua religião quando for mais velha. Há quem defenda que a criança não deve ser levada a qualquer religião até ter discernimento para escolher a sua.

Em ambos os casos temos um problema: como escolher sem conhecer?

Como e o que ensinar sobre religião para a criança?

Sou a favor de criar as crianças dentro das crenças dos pais. Por uma questão mais cultural do que religiosa. Imagine uma família, que como a minha ia à igreja toda semana, decidir não levar a criança? Teriam problemas que iriam da sensação de exclusão à questões logísticas.

A criança precisa de respostas a questões sobre vida, Deus, morte, anjos que com certeza surgirão. Você pode responder à essas perguntas de forma genérica, mas suas práticas em algum momento irão contradizer o que falou. Os pais são referência para as crianças. O melhor mesmo é falar sobre o que acredita. A religião de alguma forma, e não importa a religião, pode ser uma porta para introduzir a ética e a filosofia.

Quando essa criança crescer, quando chegar à adolescência, os questionamentos sobre assuntos ligados à religião ficarão mais intensos, como tudo nessa fase. O ensino religioso, pode suprir essa necessidade e estes questionamentos, mas sempre voltado para o lado da Teologia e não do estudo de uma religião específica. Nunca confrontando a criança com aquilo que ela aprendeu em casa, mas mostrando que não existe apenas aquele ponto de vista, mostrando os pontos comuns e divergentes, a origem das principais religiões, dando subsídios para que quando adultos possam fazer sua própria escolha.

8 comentários:

  1. Oi!

    Aqui em casa fiz questão de apresentar historinhas bíblicas para as crianças. Também temos o hábito da oração antes de dormir, muito na forma de agradecimento e pedido de ajuda para sempre nos melhorarmos, como uma busca de aperfeiçoamento de nossas relações.

    Nas escolas dos pequenos entra ensino religioso e achei importante que isso complementasse o que nós vivemos, embora não sejamos católicos, só que não há escola kardecista em Porto Alegre, até onde sei - só conheço uma em Franca, interior de SP.

    Acredito que essa escolha tenha a ver com o fato de que a fé foi fundamental em momentos de luta, de crise e de vitórias em minha vida. E vejo que minha filha se sente mais feliz e tranqüila para dormir, especialmente depois de uma fase de pesadelos que teve.

    Mas acho que vivência da fé precisa ser algo natural, não uma obrigação... porque ter um referencial é diferente de não ter liberdade de escolha.

    Beijo,
    Ingrid

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  2. Esse é um tema muito controverso. Eu já fui bem mais religiosa; hoje, até por falta de alguém com quem deixar as crianças, não tenho mais ido à missa. Acredito que a religião impõe limites saudáveis aos pequenos e deveria ser ensinada, mas essa é uma opinião pessoal, respeito o que preferem deixar que os próprios filhos optem se desejam segui-la ou não. Estou esperando os meus crescerem um pouco a fim de que se comportem e possam aguentar o tempo que uma missa leva para começar a levá-los.
    Beijo
    Adri

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  3. Respondendo para a Ingrid

    Oi Ingrid!

    Concordo com você, não pode ser uma obrigação, mas a criança precisa de um referencial.
    Nem sabia que existia escola Kardecista, o que conheço e pode ser que exista em Porto Alegre, são grupos de "estudo" para crianças, organizados dentro dos Centros, enquanto ocorrem as seções. Eu já cuidei, por um período curto, de um desses grupos.

    Um abraço

    Denise Carceroni

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  4. Respondendo para a Adriana

    Oi Adriana!

    Você tocou em um outro ponto importante. É difícil para criança aguentar o tempo de uma missa, mesmo quando estão maiores. Tudo para a criança precisa ter significado, se para muitos adultos é difícil entender tudo o que está acontecendo durante a missa, mais ainda para a criança.
    Uma ideia é experimentar levá-los à uma missa para crianças, a linguagem é outra e pode ser uma experiência interessante.

    Um abraço

    Denise Carceroni

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  5. Olá meninas, sou a favor que crianças tenham uma religião, aliás, os adultos tb. A religião, a escola, a família, os amigos e outros grupos sociais, interagem na formação e no caráter do indivíduo. Enquanto criança, devem acompanhar os pais, se cada um é de uma religião, que ela conheça as duas, sem opressão. Depois que atingir certa idade, se for da vontade dela conhecer outras, o que acho válido, que seja acompanhada e acreditada.
    Estamos conduzindo nossos filhos, mas a escolha final terá que ser deles. Sou espírita, levo meus filhos na evangelização espírita.
    Gosto da frase: " Estudar para melhor servir, conviver para aprender a amar."
    Muita Paz.

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  6. CRER é fundamental!
    Saber que DEUS existe também!
    AGRADECER, sempre.
    A partir dai, seguindo o ambiente familiar, introduzir a religião faz parte da difícil arte de educar.
    Nós, pais, temos a obrigadação de
    ENSINAR.

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  7. Estava um pouco afastada da Igreja Catolica, mas a mais ou menos 03 anos, voltei a frequentar todos os domingos na intenção de dar um referencial aos meus filhos que estão com 03, 08 e 12. a minha filha de 12 anos não quer mais ir para Igreja Catolica, afirmando que nao se identifica com os ideias e formas de expressão desta Igreja.Quer frequentar a igreja Evangelica, mas será que com 12 anos já tem condiçoes de saber exatmente o que quer?

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  8. Minha vida toda fui levado às igrejas evangélicas, fui 100% doutrinado a ser um "menino de igreja" , desde q nasci praticamente estive o tempo todo em contato com a fé cristã,, e hoje aos 17 anos sou ateu, ainda n tenho coragem de contar para meus pais e família extremamente conservadores, mas algum dia sai, provavelmente quando sair da casa deles.

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