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24 de ago. de 2011

Acesso à universidade pública. É para todos?

A resposta aqui é fácil. O acesso à universidade pública não é para todos. O que não está errado, o problema são os motivos que levam à isso.

Ontem o excelente programa A Liga, da Band, tratou do tema Educação e mostrou suas duras faces. Os números impressionam e podem ser vistos nesse infográfico.


Voltando ao tema central do post, de fato a universidade pública não é para todos. Por sua qualidade de ensino, por visar, principalmente a formação de pesquisadores, a universidade pública é destinada àqueles que mais se destacam intelectualmente. E de forma alguma é possível pensar o contrário, pelo bem da ciência, pelo bem de todos nós.

A questão é que para se destacar intelectualmente é preciso ter acesso ao ensino básico de qualidade e aí a escola pública, que deveria ser para todos, não oferece esse ensino. O correto seria existirem escolas particulares para suprir a falta de vagas em escolas públicas, que seriam altamente qualificadas, mas que não conseguiriam atender à demanda, dando preferência aos economicamente menos favorecidos. Assim não precisaríamos discutir cotas em universidades, sejam raciais, sejam para alunos de escolas públicas. Todos concorreriam à uma vaga na universidade pública em pé de igualdade.

Não sou a favor de cotas raciais, por mais que entenda e concorde com a questão da discriminação do negro, das questões ligadas à escravidão, que levaram à pobreza etc, nem todo negro é pobre, assim como nem todo branco é rico. Se for para pensar em cotas, que sejam destinadas à alunos oriundos de escolas públicas e que comprovem baixa renda, que sejam cotas baseadas na condição sócio-econômica. E nesse caso sou parcialmente a favor.

Sistemas de cotas apenas servem para apagar incêndio. Cria-se um mecanismo que não resolve o problema e ainda corre-se o risco de criar outro. Sou oriunda de universidade pública (USP) e costumo dizer que o problema não é entrar, é sair. Um indivíduo que chegue à universidade pública sem uma educação básica adequada, terá dificuldade em acompanhar as aulas e aí tem-se duas soluções:
  1. ignora-se a questão reprova-se até que ele saia ou seja desligado ou então 
  2. nivela-se por baixo.
 Esse é apenas um dos problemas. Quer mais?

Vamos supor que estou sendo pessimista e preconceituosa, os indivíduos oriundos de sistemas de cotas são alunos brilhantes. Contudo se são de classes sociais menos favorecidas a pergunta é: como irão se manter estudando? Estudar em universidade pública custa caro. Livros, cópias, condução, alimentação custa caro e muitas vezes os cursos são de período integral, não permitem trabalhar.

Com isso é preciso entender que:
  • A universidade pública não é para todos e nem nunca será;
  • Sistemas de cotas servem para tampar o sol com a peneira;
  • É preciso repensar no sistema educacional como um todo;
  • Depois de dar acesso ao aluno pobre à universidade é preciso dar condição para que se mantenha;
  • Valorizar o professor em todos os níveis, provendo melhores salários e condições de trabalho é por onde devemos começar;
  • Acreditar que teremos essas mudanças para as próximas gerações é quase utopia;
  • Realizar um planejamento sério, com metas factíveis, ainda que levem décadas para serem alcançadas é o único caminho para atingirmos a igualdade de oportunidades que almejamos. 

Um comentário:

  1. Concordo com você quando afirma que universidade pública não é para todos. Isso porque não me considero um aluno abaixo da media, apesar de ter cursado todo o ensino fund. e médio em escola publica. Em meu caso, esse não foi o problema que me impediu de ingressar em uma Universidade Pública, mas sim a falta de condições financeiras bem como a falta de opções de cursos disponíveis nas Unidades da região.
    Optei por fazer o PROUNI consegui uma bolsa para Serviço Social na UNOPAR. Estou amando o curso. Recentemente, o CFESS lançou a campanha fast-food que abalou as estruturas de vários cursos EaD. Segundo os defensores da campanha, eles atacam o curso, visandouma educação de qualidade. Estranha forma de lutar por isso. Em um blog que escrevo, falei sobre isso: Por que ao invés de agredir quem já está em um curso ead, não se volta para o ensino fundamental, onde muitos alunos saem da 8ª série analfabetos? Você coloca muito bem isso. Parabéns. Há muitas utopias semeadas no meio da educação brasileira. Programas paliativos, lutas mascaradas, mas continuam ignorando o verdadeiro problema da educação encontrado no ensino fundamental. Se esse fosse de qualidade, não teríamos tantos universitários aquém do nível em que estão.

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