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27 de ago. de 2013

Desafios do aprendizado: como lidar com a dislexia

Dificuldade de leitura, escrita, interpretações de textos – e cálculo aritmético. Estes são os sintomas mais comuns de um distúrbio de aprendizagem conhecido como dislexia e que é apresentado já na pré-escola.


“O disléxico mostra dificuldade em aprender a ler e a escrever, em manipular as letras dentro de uma palavra e, consequentemente, em compreender um texto quando estiver lendo”, explica a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

Quando o portador do problema chega à adolescência, poderá apresentar dificuldades em aprender uma segunda língua, muitas vezes em compreender o enunciado de um problema de matemática, química ou física. “A dislexia é um quadro complexo caracterizado por dificuldade à leitura, escrita e interpretações de textos", expõe o especialista e doutor em Neuropsicologia da Dislexia pela Universidade de Extremadura, Portugal, Rafael Silva Pereira.

Rafael Pereira é autor da Bateria Bacle, um dos mais conceituados testes de avaliação de pré-competências de leitura e escrita em crianças do pré-escolar a iniciar o 1.º ano de escolaridade ou com dificuldades de aprendizagem. Ele esteve no Brasil para uma série de cursos com base em “avaliação e intervenção da dislexia”. Explica que a avaliação do problema necessita ser multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, neuropediatras.

Segundo ele, “é importante que os pais e a escola trabalhem em conjunto quando percebem que algo errado está acontecendo. Contudo, sem alarme, porque nem sempre a apresentação de determinadas características significa Dislexia. É importante um rigoroso e sério trabalho de avaliação”.

Um diagnóstico exato do problema, conforme Rafael Pereira, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, de forma que cada profissional possa avaliar a sua área de especialização e intervenção.

“A presença de um neuro ou psicólogo, uma fono, uma psicopedagoga e um psicomotricista são fundamentais numa parceria íntima com os pais e professores”, diz o especialista. “Pois estes últimos são na maioria das vezes os que têm este olhar desperto para o encaminhamento”.

Genética e hereditária

Segundo Maria Ângela Nico, a dislexia é um transtorno com causas variadas, como pais com dificuldades pregressas na vida escolar; casos semelhantes nos familiares como avós, tios, primos; presença de genes potencialmente responsáveis pelo quadro; ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos.

“Só podemos falar em dislexia a partir do processo de alfabetização, mas como ela é genética e hereditária, a partir dos cinco anos de idade já é possível realizar a avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada e essa criança com dislexia será encaminhada para uma intervenção com uma fonoaudióloga”, diz. “Depois que ela passar pelo processo de alfabetização, será necessária uma re-avaliação para confirmar ou não o quadro”.

Para o professor Rafael Pereira, por não ser uma doença, “não há cura”. A complexidade do distúrbio exige uma intervenção rápida. Segundo Maria Ângela Nico, o problema é descoberto na maior parte das vezes quando o processo de alfabetização se inicia. O tratamento objetiva a aprendizagem do disléxico frente às dificuldades que encontrará, de modo que consiga lidar com elas. “Se confirmada a dislexia, a intervenção deverá ser realizada o mais rápido possível”, finaliza o educador Rafael Pereira.

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