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21 de out. de 2013

Combater o bullying exige atenção na escola – e em casa

“Para com essa brincadeira, por que não vai acabar bem”.

O bullying nem sempre começa como algo ofensivo. Muitas vezes é visto como um comportamento normal, um momento ou uma fase qualquer da vida. Algo passageiro, que fortalece e prepara as crianças e jovens para enfrentar o mundo.

Conscientemente ou não, alguns pais participam ou são protagonistas destas atitudes impróprias.

“A prática começa desde cedo e, muitas vezes, em casa, na família. Muitos pais praticam bullying com seus filhos e nem percebem”, expõe a pedagoga Fabiana Falcone, coordenadora pedagógica do Fadelito, rede de escolas infantis na cidade de São Paulo. Muitas crianças presenciam afrontamentos dentro de casa. Pais que discutem em sua frente, brigam, xingam ou até mesmo agridem algum membro; por vezes, a própria criança. “E se ela vive em um ambiente de desrespeito, ela pode passar de vítima (em casa) para agressora (na escola)”, afirma a pedagoga.

O bullying se torna um subterfúgio. 

As atitudes agressivas ou abusivas são provocadas, muitas vezes, como forma da criança descarregar as frustrações provindas da desestruturada relação familiar.  “Existem diferentes tipos de bullying: os principais são o verbal, que é manifestado através de apelidos, xingamentos, insultos; o físico, quando há empurrões, socos, chutes, beliscões, tapas; o moral, quando ocorrem difamações, calúnias ou disseminação de rumores; o psicológico, que é a exclusão, isolamento, perseguição, intimidação, chantagem, manipulação, ameaças e discriminação” explica Fabiana Falcone.

A diferença é o ponto de partida. 

Esse comportamento abusivo é realizado principalmente com jovens que fogem de certos padrões criados por eles, em sua maioria, estéticos. “Físicas ou verbais, essas agressões costumam ter como vítimas aquela criança mais quietinha, aquela acima do peso, aquele que usa óculos. É evidenciado também o preconceito sexual e social, com ofensas àqueles meninos que gostam de brincar apenas com as meninas (e vice-versa), e àqueles que não têm condições de comprar brinquedos e roupas caras ou que são filhos de funcionários do colégio”, explica Maria Edna Scorcia, diretora pedagoga do Colégio Joana D’Arc.

A residência é o primeiro ambiente de ensino. Em casa, os pais são responsáveis pelo desenvolvimento dos valores éticos e morais. Procurar abordar a questão do respeito para com o próximo e a acolher a diversidade – quanto à cor, a orientação sexual, posicionamento social, entre diversos outros motivos.

“Com esses conceitos bem cristalizados, a criança (quando tiver idade suficiente) não só terá respeito como vai identificar e tentar coibir ela mesma atitudes em que ela identifique a presença de discriminação” afirma Maria Edna.

Identificar uma vitima de bullying nem sempre é fácil. Muitas vezes, os pais e professores focam sua atenção em pregar o combate a tal prática, e se esquecem de direcionar total atenção ao comportamento dos alunos. A vítima de bullying sofre mudanças perceptíveis. “Pode tornar-se retraída, ou agressiva e descontrolada. É importante que os adultos que convivem com a criança estejam bem atentos a qualquer mudança no comportamento para conversar com ela e detectar o que aconteceu” aconselha Fabiana Falcone.

Cumplicidade. 

Os pais e a escola devem trabalhar conjuntamente. De acordo com Maria Edna Scorcia, do Colégio Joana D´Arc, os professores devem reforçar os valores éticos e morais aprendidos em casa; habituá-la ao diferente.

“É assim que se formam cidadãos preparados para viver em sociedade”, conclui ela.

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